A Minha Terra É Viana
                                                                                                             Amália Rodrigues

 

A minha terra é Viana
Sou do monte e sou do mar
Só dou o nome de terra
Onde o da minha chegar.
Ó minha terra vestida
De cor de folha de rosa
Ó brancos saios de Pena
Vermelhinhos de Areosa
Virei costas à Galiza
Voltei-me antes para o mar
Santa Marta saias negras
Tem vidrilhos de luar.
Dancei a gota em Carreço
O Verde-gaio em Afife
Dancei-o devagarinho
Como a lei manda bailar
Como a lei manda bailar
Dancei em a Tirana
E dancei em todo o Minho
E quem diz Minho diz Viana.
Virei costas à Galiza
Voltei-me então para o sol
Santa Marta saias verdes
Deram-lhe o nome de azul.
A minha terra é Viana
São estas ruas estreitas
São os navios que partem
E são as pedras que ficam.
É este sol que me abrasa
Este amor que não engana
Estas sombras que me assustam
A minha terra é Viana.
Virei costas à Galiza
Pus-me a remar contra o vento
Santa Marta saias rubras
Da cor do meu pensamento.

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Fui acudir
Quim Barreiros


E eu nasci pra bombeiro
Pra ajudar a minha gente
Ando sempre num vai-e-vem
Pra acudir quem está doente
Ajudar pessoas carentes
É humano, faz tão bem
Porque será que há homens
Que não vão acudir ninguém?
Fazer bem, ser generoso
É a obrigação de um qualquer
Acreditem, deixo tudo
Para ir acudir mulher
Amigo, um conselho
Que te vai fazer bem:
Experimenta com jeitinho
Ir acudir alguém
Já fui acudir Helena
Já fui acudir Rita
Já fui acudir tantas
Nem me lembro muito bem
Já fui acudir Paula
Já fui acudir Carla
Ó mulher, não tenhas medo
Que eu vou-te acudir também

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Cinderela
Carlos Paião

Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira, sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
(Refrão)
Então,
Bate, bate coração!
Louco, louco de ilusão!
A idade assim não tem valor.
Crescer,
Vai dar tempo pra aprender,
Vai dar jeito pra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias, a avivar memórias, a deixar mistério.
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada, ninguém deu por nada, ele até chorou...
(Refrão)
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses bons momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

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GNR - Cais


Quando o mar tem pés p'ra andar
E as ondas só vêm chatear
Lá do fundo do mar imundo imenso sais
Oh! Neptuno e as tuas sereias sensuais
Vendes no cais
Quando um barco se está para afundar
E só esses ratos não o quiserem abandonar
Quando a maré negra chegar
E não houver ninguém pr'ó crude limpar
Lá do fundo do mar imundo imenso sais
Oh! Neptuno e as tuas sereias sensuais
E vendes o cais
Se o pescado morre ao lado
Se ainda se ama o mar salgado
Então é ver no cinema se ainda há lodo no cais
se o mercado impera e somos todos iguais
Muito cuidado quando escorregas sempre cais
Lá do fundo do mar imundo imenso sais
Oh! Neptuno e as tuas sereias sensuais
Vendes o cais
Se o pescado morre ao lado
Se ainda se ama o mar salgado
Então é ver no cinema se ainda há lodo no cais
Se o mercado impera e vais sempre longe demais
Muito cuidado quando escorregas sempre cais
Se o mercado emperra e somos todos iguais
Atenção cuidado voltas ao cais.